Vou registrar aqui a história que passei fugindo com minha esposa e 2 filhos pequenos da chegada do Furacão Irma à Florida. Espero que esse relato sirva de aprendizado para famílias que passarem por algo parecido no futuro. Ao final do post eu coloco minhas conclusões e aprendizados.
Vou começar dizendo que depois de tudo, tenho absolutamente que existe uma indústria midiática sensacionalista que ganha muito dinheiro e audiência quando isso acontece. Repórteres na chuva e no vento, quase sendo levados pelos furacão geram muitos pontos de audiência. Manipular as mensagens das autoridades para deixá-las mais desesperadoras geram mais cliques, mais banners, mais audiência, e mais dinheiro. Vou entrar nesse ponto mais adiante. Adiando aqui o conselho mais útil que recebi durante a jornada, só que eu escolhi não seguir.
“Sound advice from veteran Tampa Bay Meteorologist Paul Dellegatto: “I am getting a lot of questions asking about when we should evacuate. You only evacuate to escape storm surge flooding from the Gulf and Bay. It is why we have evacuation zones near the Gulf and Bay. You do not evacuate from the wind unless you live in a mobile home. Water is the killer. Wind is not. You run from water. You hide from wind. We can not evacuate the state based on the fact there may be strong winds. Given the options you would be better off riding out a storm in a well-built home, out of an evacuation zone, than trying to drive up I-75 to a motel in Valdosta. You do not want to become part of the caravan driving up I-75. Trust me. It is a miserable option.”
Diário:
27/ago
Comprei um monte de agua no Costco. Lidiane perguntou pq eu fiz isso, e eu disse que era bom ter agua em casa na temporada de furacões.
31/ago
Vi a primeira notícia sobre o furacão, comentei com a turma do volei , eles me disseram que seria o primeiro alerta de vários. Era para eu não me preocupar. Meu cunhado me avisou de um Cat 2 sendo formado no Atlântico.
2/set
Falando com Erik, meu amigo que mora no mesmo prédio e ele me disse que sempre criam esse pânico, mas tudo se define mesmo nas 48hs anteriores.
3/set
Voltando da casa de amigos em Weston, deixei a Lidi para fazer compras e mesmo com o tanque na metade, fui no posto e enchi o posto.
5/set
Indo para minha primeira reunião do dia, recebi mensagens dos meus amigos aconselhando a sair de miami. Reservei um hotel em orlando para sábado, domingo e 2f. Pedi a casa de um amigo meu emprestada em Orlando. Como fiz tudo muito correndo, não sabia que existem hotéis com janelas a prova de furacão. Aqui vale uma boa lição: tenha a mão algumas opções de hotéis com janelas anti-furacão para dar preferência na hora de reservar.
6/set
As escolas liberaram as crianças das aulas dias 7 e 8. Meus primeiros amigos começaram a subir para Orlando, em viagens de 5 a 7 horas (normalmente leva-se 3h30min de Miami a Orlando. Preparamos tudo, trancamos nossa casa com as janelas de furacão, enchemos a banheira e panelas de água, esvaziamos a geladeira. Um amigo pediu ajuda desesperado no WhatsApp pois não achava mais gasolina em Miami. Ele conseguiu abastecer em Key Biscayne.
As autoridades avisam que a ilha de Key Biscayne onde moramos deveria ser evacuada por todos os moradores por risco de inundações. ATENÇÃO: eles só mandam evacuar se há risco de inundação. O vento dificilmente mata no furação, mas a inundação mata aos montes. A dica é: fuja da inundação, e se esconda do vento. Fugir do vento é um erro, um dos que cometi.
7/set: Key Biscayne –> Orlando
Pegamos a estrada as 4:40am, andamos bem 1h, mas o Google Maps passou a nos jogar para outras estradas por causa do transito. Eu andava mais, não ficava parado, mas não sei se ganhava muito tempo. Fiquei meio puto.
No meio desses atalhos, achei um posto de gasolina com uma fila de apenas uns 10min. Parei, abasteci $24.79. Acho que aprendi 2 coisas: andar nas estradas vicinais num momento de crise é mais vazio, mais rápido, mais seguro, mais fácil de achar gasolina. Depois de mais 1h30min eu achei mais postos, enchi de novo, agora apenas $8 em gasolina, e cheguei com tanque cheio em Kesseemme, na casa do meu amigo em frente a Disney.
Chegando la, a crianças foram brincar na piscina, minha esposa começou a arrumar umas coisas, principalmente guardando as comidas que levamos. Eu fui avaliar a casa. Pensando no pior caso (sim, nessa situação vc tem que exercitar em criar os piores cenários possíveis), eu achei que se o furacão chegasse com Cat 3, a casa poderia ter as janelas de vidro quebradas. Poderíamos ficar num depósito fechado embaixo da escada da casa, mas se algo grave acontecesse ficaríamos numa situação perigosa. Passei a olhar nosso plano B, e tinha 2 opções: ir para um hotel que havia reservado em Orlando (que eu acho que era um plano bom), ou subir mais 400km a noroeste rumo a Tallahassee , capital da Flórida. Reservei um AirBnb para sábado, domingo e 2f lá. Perto das 18h vi um forecast que mostrava o Irma vindo com o olho rasgando o centro da Florida e passando por nós, além de ver uma foto comparando o Andrew. Olhei um report do centro de controle de furacões do governo e aparecia uma mancha roxa enorme na florida toda. Achei que o furacão iria engolir o estado inteiro. Porém aqui vem uma dica importante: eu olhei o report que mostrava os locais da Florida que teriam ventos acima da 30 milhas por hora e é claro que isso iria acontecer, só que eu achei que a mancha roxa era para ventos de tornados, acima de 64 milhas por hora e me desesperei olhando dados errados e errando na interpretação da informação. Saber o que ler e como interpretar racionalmente essas informações é muito importante nessas horas.
Outra coisa importante aconteceu. Um amigo meu que morou em Orlando me mandou essa mensagem:
Decidi dormir as 19h tomando meu remédio para pânico de avião, enquanto minha esposa arrumou as coisas. Acordamos as 3:50am e partimos as 4:20 rumo ao noroeste, sem hotel nem lugar pra ficar na 6f.
Tentei arrumar os móveis externos da casa do Gui para nao serem jogados com o vento, e forramos as portas da casa. Não sei como vamos encontrá-los daqui alguns dias.
8/set (6f): Orlando –> Tallahassee (6h, 420km)
Andamos bem por 1h mas o trânsito ficou carregado rápido. Foi aí que conheci a rodovia 27. Ela passava por partes de mão única com pouquíssimos carros, e partes duplicadas. Na 27 conseguimos novamente gasolina esperando menos de 5min na fila, mas eu chutaria que 60% dos postos não tinham mais combustível.
Mesmo não sendo a via principal, ela estava carregada e paramos muitas vezes com o trânsito. Reparamos que a estrada tinha placas de rota de fuga contra furacões.
Chegamos em Tallahassee e o exercício de pensar no pior caso continuava. Com tempo sobrando, achei uma concessionária da Nissan pra deixar o carro pra trocar óleo, e pedi pra eles fazerem um check-up enquanto almoçamos num restaurante japonês.
Cheguei no AirBnb umas 2pm, falei pra moça que precisei chegar um dia antes e estava com 2 crianças também. A Nancy e o Armando, donos da casa, foram extremamente hospitaleiros, simpáticos e atenciosos. Ele trabalha no Costco e ela em um hospital. Ficamos vendo as notícias, e eu fiquei ouvindo as histórias de furacão deles. Ambos enfrentaram o Andrew em 1992 em Miami. Afirmaram: o problema não é a tempestade, é o “depois”. Sem luz, sem água, as coisas ficam complicadas por até 2 semanas.
Pedi a ela para entramos um dia antes, e nao pagar a mudança com o AirBnB para provavelmente voltaríamos para Orlando no sábado.
A tarde chegou uma outra senhora chamada Christine, também fugindo do furacão. Ela mora perto da praia em Fort Meyers, área com perigo de inundação.
Os reports mostravam que o Irma mudava para entrar com o olho passando direto na cidade dela. Nesse momento eu percebi que tudo nessa situação é relativo. A minha situação era bem melhor que a dela, que poderia nao ter mais casa quando tudo isso passar. Que Deus te proteja e te ajude Christine…
Ela ainda me deu a dica de baixar um app que mostra os postos que possuem gasolina.
Lembro que fui comprar gelo e abastecer o carro, e o atendente da loja de conveniência do posto me perguntou se eu estava bem. Eu disse que não, que estava assustado com tudo aquilo. Ele disse para eu rezar e que Tallahassee era o melhor lugar para eu ficar, e que eu nao deveria voltar pra Orlando. Nesses momentos de crise, muitas pessoas te dão opiniões bem intencionadas, mas umas das grandes lições que tive nessa história toda é que vc tem que embasar suas decisões racionalmente, com fatos e dados, e pensar no risco/consequência delas. O conselho do atendente estava totalmente errado.
A noite, todos os reports mostravam que o Irma iria cada vez mais para o oeste. Meu plano de voltar para Orlando ganhava força, porém eu comecei a estudar mais histórias de furacão e ficava indignado como as previsoes dos modelos de espaguetti que prevêem a rota da tempestade estavam errando feio. Procurando no google, eu achei a rota do furacão forte de 1935:
Essa rota estava MUITO parecida com a do Irma, e ele não entrou no continente. Com isso, ele poderia não perder tanta força e chegaria ao norte com mais energia e poderia entrar com Cat 2 ou 3 em Tallahassee, exatamente onde estávamos. Ao mesmo tempo, fiquei com medo de voltar a Orlando, pensando que poderia acontecer algo com o carro, um acidente, e isso nao me daria tempo de backup para reverter uma situação ruim.
Decidi não arriscar, e defini que iríamos ao norte, rumo a Atlanta.
9/set: Tallahassee –> Atlanta
Acordei com o forecast (que eu nao confio mais) apontando que o Irma chegaria a Tallahassee com Cat 2 e que Tampa enfrentaria o bicho com Cat 4 e sobraria algo bem forte pra Orlando também, provavelmente cat 3. Com a decisão confirmada pelas informações, pegamos a estrada. O Google Maps mostrou 3 opções. A mais rapida e mais curta passava pela Interstate 75, provavelmente a mais visada. Eu escolhi a mais longa e mais demorada, pela esquerda indo por Columbus.
Enquanto eu via notícias em que a 75 estava parada, a gente andava a 80 milhas/h na 27 vazia. No caminho pedi a ajuda da Movile (Letícia muito obrigado!) para conseguir um hotel pra nós em Atlanta. Tudo estava lotado e as poucas coisas que eu conseguia no Booking, Expedia, Hotel tonight não conseguíamos terminar a reserva:
Abastacemos 1 hora antes de chegar em Atlanta, e com o hotel reservado finalmente chegamos onde até agora o Irma não deve nos assustar. Quando as estradas se encontraram, conseguimos ver o fluxo de gente fugindo do furacão.
Vi as notícias dele chegando a Miami, mas não sai da minha cabeça o pensamento nas pessoas mais necessitadas e que estão em situação mais frágil que nós. Acho que essa história tá só começando e vamos ver muita coisa triste nos próximos dias.
10/set: Atlanta
Depois de muito stress, decidimos levar as crianças para passear um pouco em Atlanta. Fomos ao Aquário e depois fomos na casa do Leandro e Carol, um casal de brasileiros amigos do Tom e Camila, amigos nossos de Miami. Fomos recebidos com muito carinho e alegria, e eles abriram a casa deles para receberem 2 famílias que também fugiram de Miami. Depois de muito stress consegui tomar uma cerveja e relaxar. Até toquei um pouco de violão para a galera.
A noite chegando no hotel gravei esse vídeo com os primeiros ventos do Irma chegando em Atlanta:
[youtube https://www.youtube.com/watch?v=J4DLcMsCDXE&w=560&h=315]
11/set: Atlanta
Hoje saímos para almoçar num shopping e os ventos estavam mais fortes. O hotel mandou uma carta alertando sobre o Irma, e vi na TV conselho para ficarmos dentro de casa a tarde e a noite.
Fiz uma bobagem na noite anterior e não desliguei bem o carro, a bateria arriou. No meio da chegada do Irma eu fiquei tentando arrumar cabos e alguém pra me ajudar. No final deu certo.
Meus amigos começaram a mandar notícias e voltar à Key Biscayne. Tudo bastante bagunçado e destruído, mas a sensação é que podia ter sido bem pior. Miami deu muito sorte.
No fim do dia li um artigo do New York Times explicando que o desvio que o Irma teve para dentro do continente pouco antes de entrar na Flórida e o “atraso” para ele fazer a curva após passar Cuba (na minha opinião pq ele era muito grande e forte) acabou poupando enormemente Miami, Naples, Fort Meyers, Tampa e Orlando de um desastre 4x maior. Vale ler o artigo para entender:
12/set: Atlanta
De volta ao trabalho, acordei cedo para começar a me atualizar das coisas. Recebi muitas mensagens de amigos do trabalho preocupados. Na hora do almoço comemos maravilhosamente bem numa churrascaria brasileira chamada Chama Gaúcha, a melhor que já comi aqui nos USA.
As crianças foram conhecer a Legoland.
Comecei a planejar e olhar as estradas para a viagem de volta.
O Ayrton me avisou que um rio estava correndo o risco de transbordar e bloquear a I-75, maior e principal rodovia da Floria. Se isso acontecesse a viagem até Orlando se tornaria um inferno e no mínimo dobraria de tempo.
13/set: Atlanta
Trabalhei o dia todo do hotel enquanto a Lidi foi passear um pouco com as crianças e comprar umas coisas pra viagem. Ela comprou uns galões de combustível para prevenirmos caso faltasse gasolina no caminho pra chegar ate Orlando. Monitorei o rio e 2 estradas paralelas foram interditadas por inundação. O meu stress estava bastante alto com a possibilidade de não conseguir ir ate Orlando pela I-75.
14/set: Atlanta –> Orlando
Acordamos 3h20am e pegamos a estrada as 4am em ponto. A viagem foi rápida e eficiente, e conseguimos passar pela ponte da milha 408 da I-75 onde deu pra ver o rio quase transbordando na pista. Fechar a Interstate Issa ser um pesadelo inenarrável. A Lidi dirigiu a última hora da viagem e chegamos na casa as 11h.
15/set: Orlando
Fomos com os amigos Ayrton Maia, sua esposa Camila e filha Manuela a Universal. Ao voltar ao estacionamento meu carro estava de novo com a bateria arriada. O Tom emprestou os cabos e um rapaz ajudou com o carro dele para fazer a chupeta.
A noite jantamos em um restaurante brasileiro muito bom chamado Gilson’s. (gilsonsrestaurant.com) . 8191 Vineland Ave, Orlando, FL 32821, USA) .
Chegamos exaustos, mas felizes.
16/set: Orlando
Acordei cedo e trabalhei por umas 2h. Saímos de casa umas 11h e novamente passamos o dia na Universal.
17/set: Orlando –> Miami
Chegamos em casa. Agora começa a parte mais difícil que é retomar a rotina, enfrentar os problemas da cidade, driblar a falta de produtos nos mercados. Nossa casa estava intacta, apenas a internet e TV a cabo nao estavam funcionando ainda.
Fiquei impressionado com a quantidade de árvores caídas e galhos pelo chão, porém me pareceu que a cidade já estava melhor. Vi muitos caminhões das equipes de Energia rodando e trabalhando, acho que os americanos são incríveis em relação a isso.
Hoje também recebemos a notícia que as escolas já reiniciam os trabalhos amanhã.
Minha conclusão:
- Nossas reações e planos foram exagerados para o ocorrido, porém não quisermos correr o risco de enfrentar o Irma de frente, em nossa primeira experiência.
- Gastamos 6 a 7 vezes mais dinheiro com isso do que amigos que foram para um hotel com janelas de furacão em orlando. Ir mais longe, ficar mais tempo fora, aumenta muito os gastos.
- Aprendi muita coisa sobre forecast de furacão. A primeira eh que não se pode acreditar neles. Tudo pode mudar na ultima hora, para pior ou para melhor. A Florida toda deu muita sorte pq o Irma mudou a rota antes de entrar na florida e perdeu força rapidamente porque o olho entrou na terra mais rapido do que esperavam. Se ele ficasse no mar, o furacão demora mais para perdeu força e o estrago seria bem maior.
- Eu acho que é muito difícil chegar um furacão até Orlando com ventos maiores que Categoria 3 porque Orlando está no centro do estado, e todo furacão que subir vai perder força até chegar na cidade. Portanto pegar um bom hotel em Orlando será minha próxima Estrategia sem duvida na próxima vez.
- Cuidado com a Midia, quanto mais vc lê, mais vc se apavora com notícias sensacionalistas.
- Fugir do furacão traz lições boas, que foram expressadas num texto que recebi de um amigo de Miami, de um autor desconhecido:
“Todo mundo devia passar por um furacão.
Todo mundo. Sem exceção.
A gente tem manicure marcada, o frango descongelado, mas nenhum cotidiano sobrevive a um furacão. E a gente só sabe disso quando vive.
Todo mundo devia passar por um furacão; pra ter que escolher entre ir e ficar. Correr ou esperar. Empacotar ou respirar.
Com exceção das evacuaçōes mandatórias, penso que não tem escolha certa e escolha errada. Mas que todo mundo devia parar pra pensar: “Vou ou fico?” “Tenho pra onde correr?” E, mais importante ainda, “tenho com quem correr?”
Todo mundo devia passar por um furacão e falar com as pessoas com quem vive: “Eu quero ir.” “Eu não quero.” “Aqui é seguro.” “Mas eu não me sinto segura”. “Então eu vou sozinho.” “Eu não fico sem você.” Todo mundo devia passar por um furacão pra falar o que sente.
Todo mundo devia passar por um furacão, pegar a estrada e perceber que esqueceu aquele documento importante para, em seguida, se dar conta que aquele documento não tem a menor importância. E o que tem está aqui. No banco de traz reclamando de calor, no banco ao lado exagerando no ar condicionado.
Todo mundo devia passar por um furacão e praticar empatia. Todo mundo devia ter uma rede de apoio, ainda que virtual, para dizer: “Não aguento mais, estou dirigindo há 14 horas”. E ouvir, de um desconhecido, uma mensagem simples: “Calma, tem um posto aberto na 75, pega a esquerda”. “Falta pouco”. “Força”. “Você consegue.”
Todo mundo devia passar por um furacão e chegar num hotel mequetrefe de beira de estrada. E, mesmo com cama faltando e sem ar condicionado, erguer o pensamento aos céus: Obrigada por esse abrigo, meu Deus.
Todo mundo devia passar por um furacão e comer um pote de M&M como se o mundo fosse acabar – porque, afinal, vai que…
Todo mundo devia passar por um furacão para estudar, em detalhes, o mapa de onde se vive e aprender, em minutos, mais do que em todas as aulas de geografia da vida. Todo mundo deveria passar por um furacão e enlouquecer atrás de um hotel que aceite bicho, para também dar uma prova de amor ao seu cachorro.
Todo mundo devia saber que nosso planeta é nosso abrigo, nosso corpo nossa casa; e só.
Todo mundo deveria passar por um furacão para saber-se vulnerável, mas, sobretudo, para saber-se forte. Para respirar fundo, fazer uma cama no corredor, um cafofo no closet e dormir abraçado a quem se tem.
Todo mundo devia passar por um furacão para, por fim, amanhecer em gratidão com o primeiro raio de sol, com um pato que invade o seu quintal, ou com o canto daquele passarinho que, por algum dos muitos milagres da natureza, também sobreviveu.”
adorei Edu! e minha admiração por vc só aumenta! bjs Lia